Cada supervisor será responsável por acompanhar o trabalho de 13 visitadores. Ao todo, são 60 que sairão preparados
Cada supervisor será responsável por acompanhar o trabalho de 13 visitadores. Ao todo, são 60 que sairão preparados. Foto: Paulo H Carvalho
Para estudiosos do comportamento infantil, as crianças nascem iguais. O que as tornam diferentes umas das outras são os estímulos que elas recebem nos primeiros seis anos de vida.
Esses incentivos podem ser feitos de várias maneiras e, melhor, dentro da própria casa, sem nenhuma sofisticação, o que significa custo zero no orçamento familiar.
Basta o canto diário de uma música, o batuque da colher na mesa para chamar a atenção, a leitura de um livro ou até mesmo a pronúncia pausada de um objeto até então desconhecido para o pequeno receptor da mensagem e pronto: eis aí um bom exercício que ajuda não só a compor a memória desse pequeno indivíduo como também prevenir uma série de problemas, como o estresse tóxico crônico, que é o contraído dentro do próprio lar. A doença pode provocar uma atrofia cerebral, que faz com que a criança não desenvolva seu intelecto na sua totalidade. E isso vai se refletir na vida adulta.
Mas a questão é: como estimular os pais a devotarem uma pequena parte do seu exíguo tempo para praticar essa atividade pedagógica com os pequenos? É essa a tarefa dos 60 visitadores do Programa Criança Feliz Brasiliense vinculado à Casa Civil do Governo do Distrito Federal cujo a madrinha é a primeira-dama, Mayara Noronha. Ela defende que “investir na primeira infância é fundamental para o futuro da criança.’
Eles estão na fase final da preparação. Depois de passar por uma seleção, os escolhidos para reforçar o vínculo familiar por meio do Criança Feliz Brasiliense, são capacitados por instrutores do Ministério da Cidadania durante uma jornada de curso com duração de 80 horas e divididos em dois módulos.
No primeiro módulo, eles têm contato com o programa e seus objetivos. Conhecem a estrutura e são trabalhados os temas voltadas para a primeira infância. Além disso, recebem treinamento de como abordar as famílias. Dentro ainda da primeira etapa, eles são divididos em cargos e funções: supervisor e visitador.
Já no segundo módulo, são apresentados aos visitadores/supervisores os cuidados que devem ter para ajudar no desenvolvimento das crianças. É a chamada parte prática. Além disso, os capacitadores do Ministério da Cidadania demonstram, na prática, as situações com que eles se depararão nas residências que visitarão.
Cada supervisor será responsável por acompanhar o trabalho de 13 visitadores. Ao todo, são 60 que sairão preparados. Mas somente 52 serão empregados nessa primeira etapa do programa. Oito ficarão disponíveis para a próxima edição. Eles foram escolhidos no Centro de Juventude, que é ligado à Secretaria de Justiça e Cidadania.
Todos têm, pelo menos, o nível médio. Ao longo do trabalho, recebem uma bolsa de R$ 1,1 mil e mais 170 de ajuda de custo para os visitadores. Já os supervisores, cujo nível exigido é o superior, são remunerados em 3 mil mensais.
Apesar da remuneração, o grupo tem outra motivação para participar do Criança Feliz Brasiliense. É o que afirma o supervisor Vítor Vasconcelos, 26 anos, que é morador de Águas Claras. Publicitário, ele diz que resolveu se candidatar porque acredita no programa e aproveita a oportunidade para aperfeiçoar seu “lado humano”.
“Eu sempre gostei de pessoas. Acredito que é uma troca. Eu senti a necessidade de fazer algo maior. De olhar para o outro. Sair da nossa zona de conforto. Isso dá sentido à vida. A capacitação é a base. A equipe que nos capacita é muito humana”, ressalta.
Outros atendimentos
Além de levar mecanismos e dinâmica para melhorar o vínculo entre pais e crianças, os visitadores também estarão atentos às condições de vulnerabilidades dos pequenos. Eles serão encarregados de checar se estão estudando, sendo assistidos pela saúde pública.
Vale lembrar que o Criança Feliz Brasiliense possui apoio de outras secretarias e órgãos do GDF dentro de um Comitê Gestor, que, além da Casa Civil, é composto pelas secretarias de Estado de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, Estado de Saúde do Distrito Federal, Estado de Educação do Distrito Federal, de Justiça e Cidadania do Distrito do Distrito Federal, Estado da Mulher do Distrito Federal e de Esporte e Lazer do Distrito Federal.
As primeiras Regiões Administrativas a receberem a visita dos monitores serão Samambaia, Estrutural, Ceilândia, Taguatinga, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II e Santa Maria. As demais regiões iniciarão o projeto em janeiro. Ao todo, os visitadores terão a tarefa de levar a dinâmica para A estimativa é atender 3,2 mil famílias até o final de 2020.
Uma das coordenadoras do Programa Criança Feliz Brasiliense, Fernanda Monteiro, explica que o objetivo é justamente acabar com a desigualdade entre as crianças, reforçando o vínculo familiar. “Quando a gente trabalha com o programa, a gente acaba reduzindo essas desigualdades entre uma criança e outra. Muitas vezes, a mãe não sabe a importância do brincar com o filho, de ler um livro. Cantar. Isso cria memórias, é um vínculo com a família. Nessa fase da vida, de 0 a 6 anos, a criança tem uma plasticidade cerebral muito grande, que acaba que permite com que ela absorva os estímulos que lhe são apresentados e ajuda a desenvolver o seu potencial”, afirma ela.
Como agendar sua visita:
*Basta se dirigir ao centro de referência de Assistência Social (Cras) da sua cidade e pedir para ser encaminhado ao programa.
É preciso observar alguns critérios. Terão prioridade:
*Gestantes inseridas no Cadastro Único;
*Famílias que têm na sua composição crianças de 0 a 3 anos também inseridas no Cadastro Único;
*Famílias com crianças de três a seis anos e beneficiárias do Programa do Benefício de Prestação continuada (BPC).
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