Em um ano e quatro meses de integração das forças de segurança, delitos como latrocínio e homicídio registram queda em várias regiões administrativas
Implantado há um ano e quatro meses, o programa "Ação Pela Vida", que atua com as forças de segurança de forma integrada, atingiu seu objetivo de reduzir a criminalidade no DF em crimes graves como homicídio e latrocínio (roubo seguido de morte).
"O conteúdo e a estratégia do "Ação Pela Vida" o torna o melhor programa do GDF hoje, principalmente pela ação integrada e articulada de diversos órgãos da Segurança Pública. Foi a primeira vez que um gestor público fez uma ação integrada com diversas áreas de governo que deu resultados tão positivos", avaliou o especialista em segurança, Antônio Testa, em entrevista à Agência Brasília.
Sociólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB), Testa destacou que participou das reuniões iniciais, abertas a pesquisadores, para a implantação do programa. Hoje, diante dos resultados, ele se diz favorável às medidas tomadas pelo GDF para conter a violência.
"No início das reuniões, o secretário de Segurança garantiu que o programa surtiria efeito três meses depois de sua implantação. Vemos que surtiu efeito na apreensão de drogas, combate ao crime, tráfico, narcotráfico, homicídio e outros", detalhou.
De acordo com levantamento da Secretaria de Segurança Pública, os primeiros seis meses do programa apresentaram resultados "satisfatórios".
Entre abril e outubro de 2012, houve redução de 29% no latrocínio, 43% no roubo qualificado e 48% na tentativa de latrocínio, em relação aos seis meses anteriores ao "Ação Pela Vida".
ESTRATÉGIA – Em sua atuação, o programa dividiu o DF em quatro Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisp) de modo a facilitar o atendimento às ocorrências.
Segundo dados da pasta, a Região Metropolitana, que compreende o Plano Piloto, Guará, Cruzeiro, Lago Sul, Sudoeste/Octogonal, Park Way, Scia e SAI, apresentou resultado "positivo".
Nesse conjunto de localidades, no mês de julho, houve redução de 50% nos homicídios, 41% na quantidade de roubo de veículos, e o roubo a comércio despencou 52%, se comparado ao mesmo mês de 2012.
"Com o trabalho feito hoje é possível diminuir os índices, mas vemos que a criminalidade não desaparece, ela migra", enfatizou Testa, ao lembrar que o GDF possui um grupo de delegados e pessoas com experiência, e que a diminuição do crime é "apenas uma questão de manter o trabalho feito hoje".
Os números que mostram o declínio da criminalidade estão presentes em todas as AISP. A Leste, por exemplo, apresentou, em julho deste ano, queda de 55% no roubo com restrição de liberdade, conhecido como sequestro-relâmpago, e de 54% nos homicídios.
A área integrada Sul reduziu em 32% os furtos de veículos, e a Oeste teve queda de 28% no roubo com restrição de liberdade e 22% no roubo de veículos.
"Os dados comprovam que o trabalho integrado tem tido eficiência maior. São indicadores de que estamos no caminho certo", destacou o governador Agnelo Queiroz este mês ao anunciar o balanço mensal do programa.
EXEMPLOS– A diminuição da criminalidade em todas as unidades da Federação faz parte do planejamento de seus respectivos gestores. Em alguns estados, como Goiás e Pernambuco, existem programas semelhantes ao "Ação Pela Vida".
Em Goiás, foi lançado um plano para a redução de homicídios e ocorrências com o uso de violência, que obteve redução de 36% nas mortes na capital do estado no mês de julho.
Outro modelo bem parecido do que é executado na capital federal é o "Pacto Pela Vida", criado em 2007 pelo governo de Pernambuco, que tem como meta reduzir em 12% ao ano a taxa de mortalidade violenta.
INTEGRAÇÃO - De acordo com o diretor-geral da Polícia Civil do DF, Jorge Luiz Xavier -responsável pela corporação formada por 4,6 mil servidores-, embora existam iniciativas em outras partes do país, a estratégia do DF é a "mais completa e com resultados satisfatórios".
"O 'Ação Pela Vida' é o primeiro programa consistente, de longo prazo, já adotado no DF. Em apenas um ano e quatro meses, já tivemos um avanço muito grande, principalmente no número de homicídios. Por 15 anos consecutivos tivemos uma média de 600 homicídios por ano e agora vemos queda contínua", enfatizou à reportagem.
Ao comemorar os resultados, o comandante-geral da Polícia Militar, Jooziel de Melo Freire -que lidera 14,5 mil homens-, destacou que, além da força policial, o "Ação Pela Vida" também atua no lado social, de modo a prevenir as ocorrências.
"Temos a integração da polícia e de várias outras áreas de governo que cuidam do social. O crack hoje, por exemplo, é um dos grandes fatores que desestabilizam a nossa sociedade. Com a boa atuação da área social, temos a repercussão na segurança", detalhou Freire.
Com a continuação das estratégias e os constantes estudos da criminalidade no DF, a meta do programa, estipulada pela Secretaria de Segurança, é reduzir 8% de cada índice por mês.
A expectativa da pasta também é bater o recorde de atuação policial com a apreensão de armas e drogas, itens que, em livre circulação, contribuem para o aumento dos índices de criminalidade.
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