Protesto pacífico se transformou em cenário de guerra, quando um grupo de manifestantes iniciou um tumulto generalizado
Vidraças quebradas, pichações e muita sujeita no Palácio do Itamaraty |
A violência e o vandalismo praticados por, no máximo, 2 mil pessoas, após o dia de manifestações pacíficas no centro da capital federal, são alvos de apuração pela Polícia Federal nesta manhã de sexta-feira (21/6). Uma equipe de peritos faz o levantamento dos danos causados após a tentativa de invasão do Palácio do Itamaraty. No local há cerca de 40 vidraças quebradas, pichações e o espelho d’água amanheceu completamente sujo.
Coquetéis molotov e calçados ficam espalhados pelo chão após correria |
Os policiais militares formaram um cordão de isolamento para impedir que os manifestantes se aproximassem do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. Mas, no início da noite, um grupo seguiu para o Palácio Itamaraty e protagonizou as cenas mais tristes do histórico 20 de junho. Com os rostos cobertos, vândalos atearam fogo na fachada do edifício tombado, quebraram vidraças e picharam paredes internas. A Secretaria de Segurança Pública promete punir com rigor os que desvirtuaram a mobilização legítima e destruíram o patrimônio público. Segundo a Secretaria de Segurança, os confrontos deixaram 127 feridos. Três deles estariam em estado grave, de acordo com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), informação não confirmada pela Secretaria de Saúde.
Protesto começou pacífico com cerca de 35 mil pessoas |
Os protestos começaram pouco antes das 16h, em frente ao Museu da República. Uma hora depois, o grupo começou a marchar em direção ao Congresso. O trânsito na Esplanada acabou interrompido. Centenas de policiais aguardavam os manifestantes, isolando completamente o parlamento brasileiro. Como na última segunda-feira, pessoas com bandeiras de partidos políticos foram hostilizadas e houve bate-bocas, mas sem confrontos. Veículos aéreos não tripulados registravam imagens da movimentação na Esplanada a todo momento.
Cartazes contra a corrupção e em defesa dos direitos humanos |
Mascarados
Pouco antes das 19h, o ambiente na Esplanada começou a mudar. Um grupo de pessoas mascaradas lançou rojões em direção aos policiais militares, que não reagiram. Eles eram reprimidos pelos próprios manifestantes, que gritavam “sem violência”. Os cidadãos que eram contrários ao confronto se sentavam no gramado em alguns momentos para se distinguirem das pessoas mascaradas que afrontavam os PMs. Com o acirramento dos ânimos, um grupo de manifestantes deixou a região do Congresso e seguiu a pé rumo ao Eixão Sul, onde começou um outro protesto.
Na Esplanada, o protesto saiu do controle. Um grupo de vândalos ateou fogo na entrada do Itamaraty diante de um número reduzido de policiais. Os policiais usaram extintores de incêndio para rapidamente controlar as chamas. Vidraças da fachada ficaram destruídas, enquanto pessoas pulavam em cima da escultura de Bruno Giorgi. Mais PMs correram para reforçar a segurança do prédio e dispersaram o bando que estava à frente do Itamaraty. Houve episódios de vandalismo também contra o prédio do Ministério da Previdência Social. Com os ânimos exaltados, o grupo começou a incendiar objetos em frente ao Congresso. A partir daí, a polícia passou a reprimir o protesto.
Várias pessoas passaram mal com o efeito do gás lacrimogêneo e do spray de pimenta atirados pelos policiais. Ao todo, 127 pessoas foram atendidas pelo Samu e pelos Bombeiros, entre elas 10 PMs. Há três feridos em estado grave, e pelo menos um corre risco de morte. Ainda de acordo com o Samu, um dos manifestantes chegou ao Hospital de Base do DF com um ferimento grave na cabeça. Outro paciente apresentava quadro de traumatismo craniano e na face. O caso mais grave era o de uma pessoa que sofreu um corte na perna.
O secretário de Segurança, Sandro Avelar, deu entrevista coletiva no fim da noite para falar sobre a atuação durante o protesto. Ele elogiou a PM e afirmou que os policiais se controlaram, mesmo nos momentos mais difíceis. “Vamos investigar e identificar essas pessoas para saber quem são os infiltrados que geram instabilidade no movimento”, explicou. O secretário negou que tenha havido uso de balas de borracha.
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